segunda-feira, 23 de setembro de 2013

(So) Papo: Poesia morde?



Na geração do "ah lelek" tenho a impressão que a poesia mata, morde e cospe confusão na cara de todos. Já desisti de perguntar "Conhece Augusto dos Anjos?", a resposta é sempre a mesma cara de não sei o quê misturado a mudança brusca na conversa. Claro que existem exceções, mas quando essas exceções passam a linha do menos 2% devo começar a me preocupar.

O que há de errado com a poesia? Ou o que há de errado com a nossa geração? Perguntas que eu sinceramente não sei responder, mas posso indagar. Tudo está facilmente em nossas mãos, com a explosão "internetária" temos qualquer informação na ponta dos dedos. Isso nos deixou burros, preguiçosos, se já não éramos. As pessoas param para ler tudo quanto é atualização facebookiana de fulaninha mas não percebem que o tempo diário que gastam para ler tal futilidade, leriam um livro maravilhoso por inteiro. Não me levem a mal, não estou julgando você que adora as "Aventuras Audaciosas de Fulaninha" e suas auto-fotos de espelho, só estou dizendo que o mundo tem muito mais a oferecer.

Entendo que algumas poesias são de difícil compreensão, algumas eu já li e reli e não entendo por inteiro até hoje. Mas aí está a graça! Cada vez que leio o(s) mesmo(s) poema(s) tenho um sentimento completamente diferente, vai do meu (mal) humor, lado do pé que me levantei ao acordar e paciência.

Leia mais poesia! Disseque-as com seu entendimento e bel-prazer, não existe nada mais pessoal do que pegar palavras de alguém e torná-la suas. Exerça sua criatividade e tenha assuntos melhores para conversar na mesa de bar do que o affair entre fulaninha e ciclano na boate de quinta.

Para acabar, fique com "A Idéia" de Augusto dos Anjos, que resume bem a vida de publicitário:


A Idéia - Augusto dos Anjos

De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!

Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.

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